Praça do Império
Artigo por
Márcia Chuva
Praça do Império
O artigo trata da Praça do Império, situada em Belém, construída para a Exposição do Mundo Português, em 1940. Aborda a escolha do local como uma política de memória, o simbolismo do desenho arquitetônico-paisagístico da Praça e, ainda, eventos ocorridos durante a exposição, como os “zoos humanos”. Todos os aspectos tratados foram de algum modo associados ao poder imperial português.
A inflexão havida em 1961 no âmbito desse poder redundou em alterações no desenho da Praça do Império, de modo a conjugar as transformações físicas ao novo tempo político, que buscava mais uma vez, atualizar a memória pública em relação aos grandes feitos portugueses que levaram aos chamados “descobrimentos”.
A Praça do Império – cujo nome foi mantido até o presente – entra em debate novamente na segunda década do século XXI, acerca das alternativas para sua restauração, momento em que voltam à cena as disputas de memórias que envolvem todo o simbolismo do sítio. Nos dois momentos em que se viu serem atualizadas tais disputas, os “zoos humanos” caíram no esquecimento, sendo esta uma estratégia para soterrar temas sensíveis. Neste artigo, o assunto é retomado, apresentando a recorrência dessa prática desde o século XIX em diversos países europeus além de Portugal, assim como nos Estados Unidos e no Brasil, prática essa que perdura até a exposição universal de Bruxelas de 1958. Na última parte do artigo, é feita uma breve apresentação do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, no centro do Rio de Janeiro, também considerado um lugar de memória sensível, por ter sido o porto de chegada de navios negreiros do tráfico transatlântico de africanos escravizados. Reformas urbanas aterraram a zona e garantiram seu esquecimento, mas a descoberta dos vestígios do cais, agora exposto a céu aberto, atualizaram o debate sobre as populações negras que ocupavam aquela zona desde fins do século XIX e que ainda hoje lutam pelo direito às suas memórias.
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