Vale do Ave
Artigo por:
Nuno Domingos
A exposição dedicada à cidade
de Lisboa resulta de um exercício
colectivo e dialógico de investigação
sobre o seu património histórico
e cultural, interrogado a partir
das suas múltiplas intersecções
com a história colonial
e imperial portuguesa.
Exercício crítico – certamente provisório, a carecer de aprofundamento e diversificação, particularmente explorando outros casos e problemas, convocando outras vozes e argumentos –, este projecto contribuirá de forma original e rigorosa para os debates sobre os passados e os presentes (pós)imperiais e coloniais, sobre a(s) história(s) e a(s) memória(s). Sobre o passado cimentado, e aqueloutro invisibilizado ou negligenciado, e o presente em construção, ou a precisar de reconstrução urgente.
A exposição baseia-se num acervo de imagens e textos recolhidas ou produzidos por académicos, activistas, museólogos, jornalistas, entre outras vozes e perspectivas, e que se debruçam sobre um leque diversificado de espaços, actores, instituições e símbolos. Estes, ao longo do tempo, com maior ou menor visibilidade, foram cunhando, e alterando, a forma como pensamos e nos relacionamos com a história, o património e as memórias associadas que de alguma forma remetem para os passados imperiais da cidade e dos seus territórios e comunidades envolventes. Dentro do amplo espectro de temas abordados, Lisboa será interrogada a partir de elementos que transpõem os limites da cidade (e do país), integrando outros espaços e actores – nacionais, imperiais, internacionais e transnacionais. Entre outros aspectos, esta configuração visa mostrar a importância de prosseguir – alargando o escopo de investigação – exercícios críticos semelhantes noutras cidades portuguesas. A estes devem somar-se tentativas de investigação que procurem sublinhar a relação de cada espaço urbano nacional com congéneres à escala global. Deste modo, a exposição é capaz de oferecer exemplos do modo como estes objectivos podem, e devem, ser atingidos: de modo informado, reflexivo e escrutinador, explorando instituições, processos e temas diversos, desde a produção e transmissão de saber e ideias às dinâmicas da espacialização urbana da diferença, passando por questões laborais, sanitárias ou, mais amplamente, sociais, passadas e contemporâneas.
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