No âmbito do estudo das histórias de
vida foi realizado um conjunto
de 10 entrevistas entre maio de 2019
e janeiro de 2020 no Rio de Janeiro
e em Lisboa, a fim de conhecer as
relações de diferentes sujeitos com
o legado colonial. Nosso objetivo foi
ouvir as suas trajetórias, que refletem
as relações que estabelecem com
determinados lugares da cidade que
remetem à história da escravidão,
ao colonialismo e ao racismo.
Em um contexto marcado pela crescente desumanização e a violência direcionada principalmente a afrodescendentes negros, essas narrativas registraram trajetórias de resistência de agentes sociais historicamente silenciados, afirmando as lutas antirracistas associadas à decolonização de patrimônios no presente.
No Rio de Janeiro, as entrevistas foram realizadas com afrodescendentes cujas vidas são marcadas pela patrimonialização do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, um sítio de memória sensível, por onde ingressaram centenas de milhares de pessoas africanas escravizadas ao longo do século XIX, inscrito na Lista de Patrimônio Mundial desde 2017. Em Lisboa, buscou-se a diversidade de envolvimento de sujeitos na luta contra o racismo existente na sociedade portuguesa em relação aos afrodescendentes negros.
Os entrevistados e entrevistadas possuem múltiplas inserções sociais e seus depoimentos constituem-se como valiosos registros para algumas das pesquisas desenvolvidas no âmbito no Projeto Echoes. Ao disponibilizar os vídeos realizados, espera-se que novos trabalhos possam utilizá-los como importantes fontes históricas, como narrativas que evocam um passado presente de exclusão e violência. Espera-se, principalmente, que tais relatos transformem-se em inspiração para novos projetos de pesquisas que buscam ampliar as formas de escuta e assegurar o direito à memória.
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