Porto de Lisboa
Artigo por
Cátia Antunes
Porto de Lisboa
O porto de Lisboa esteve, desde tempos imemoriais, ligado a redes de cariz imperial.
Desde a Antiguidade, com a sua inclusão nas redes comerciais fenícias e gregas, passando pelo império romano, o porto de Lisboa perfilou-se como um foco de exportação de sal, peixe e azeite. Após a queda do império romano, recupera a sua vertente imperial sob o poder dos califas do Norte de África durante a ocupação árabe. Porém, volta a perder o seu lugar nas redes imperiais do mediterrâneo durante a Idade Média, recuperando essa posição somente aquando da partida das primeiras frotas portuguesas para a conquista das praças do Norte de África.
A partir do século XV, a expansão marítima portuguesa reforçou a centralidade do porto de Lisboa como receptáculo de bens, pessoas e capitais de África, da Ásia e da América, tornando-se o porto uma placa giratória de distribuição para os restantes mercados europeus. As transformações foram acompanhadas por uma explosão na transação de seres humanos não livres, de várias proveniências, presentes na cidade e levados para outros pontos do país.
Durante o século XVI, o porto transforma-se no centro mais importante de construção naval na península ibérica. Contudo, perde o seu estatuto durante o século XVII e fica arruinado pelo maremoto e consequente incêndio de 1755. Torna-se, então, um porto regional dentro de um império pluri-continental, consiliando a sua vertente de connecção entre os portos mais importantes do império português e o território continental. Simultaneamente, desenvolveu-se para acomodar a nascente produção industrial, alargando as suas funções às áreas de desenvolvimento dos caminhos de ferro e de produção industrial na zona oriental da cidade.
Já no século XX, o porto de Lisboa vê partir homens e máquinas para alimentar a Guerra Colonial (ou de Independência das ex-colónias), ficando memoriado na cultura popular através de fados e imagens televisivas. O mesmo porto que viu os soldados partir entre 1961 e 1974, viu chegar também refugiados e os designados retornados vindos das ex-colónias, independentes depois de 1974-75 e, com eles, todos os seus pertences que aí se acumularam por muitos anos após o ‘retorno’.
Memorializado como porto de império, Lisboa é hoje um porto insignificante em termos mundiais, tendo a sua importância um contexto profundamente ibérico.
Galeria
0