Intervenção 2
Decolonizar é desconstruir mitos: O Imperador D. Pedro II e a escravidão
Decolonizar é desconstruir mitos: O Imperador D. Pedro II e a escravidão
Imperador do Brasil entre 1840 e 1889, D. Pedro II (1825-1891) teve sua imagem atrelada, no fim da vida, ao abolicionismo. Depois da assinatura da Lei Áurea por sua filha, a princesa Isabel, ambos gozaram de grande popularidade, ela transformada em “Redentora”, ele representado como o monarca caridoso que abolira a escravidão.
D. Pedro II, no entanto, conviveu durante todo o seu reinado com a existência da escravidão. A Família Imperial dispunha do serviço de dezenas de pessoas escravizadas em suas residências oficiais: o Palácio de São Cristóvão, a Fazenda de Santa Cruz e o Palácio de Petrópolis. Eram os chamados “escravos da nação”, oficialmente propriedade do Estado Imperial. Apenas o Imperador detinha a prerrogativa de alforriá-los. Ele o fazia, eventualmente, em datas festivas e em troca de servir ao Exército na Guerra do Paraguai, libertou vários deles.
Estas atitudes não faziam de D. Pedro II um abolicionista: ao contrário, cerca de 3000 “escravos da nação” só foram libertados em 1871, depois da aprovação da Lei do Ventre Livre, após o Estado Imperial ter sido severamente criticado por ainda possuir escravizados.
Para além de uma postura individual do monarca e de uma possível inclinação para as questões abolicionistas, a escravidão era uma questão de Estado e sua longa permanência como estrutura social e econômica era alvo de fortes embates no parlamento e na sociedade. A abolição da escravidão no Brasil foi fruto de disputas e lutas de povos escravizados e de apoiadores.
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