• © Pedro Medeiros, Banco Nacional Ultramarino, Rua de São Julião, 2021

Arquivo Histórico Ultramarino

Artigo por
Ricardo Roque e José Miguel Ferreira

Arquivo Histórico Ultramarino

Este texto propõe uma breve análise do processo de formação do Arquivo Histórico Colonial/Arquivo Histórico Ultramarino e das suas ligações ao projeto imperial português, antes e depois do 25 de Abril de 1974. Instalado em Lisboa, o Arquivo Histórico Ultramarino reúne um dos mais ricos acervos de documentos relativos à história do império português entre os séculos XVII e XX. Foi criado em 1931 com o nome de Arquivo Histórico Colonial, num contexto de forte investimento político e ideológico do Estado na ideia de império colonial como destino nacional. Na sua origem, este arquivo foi constituído como um “lugar de memória” do colonialismo português, reunindo num mesmo espaço a documentação da administração imperial produzida ao longo dos séculos. Este arquivo histórico, argumentamos neste texto, foi desenhado para funcionar como tecnologia de governo da memória colonial e como monumento ao passado de Portugal enquanto nação-império. Este ideário continua a insinuar-se em vários aspectos da organização do arquivo e das visões da história que lhe estão associadas no presente. Contudo, contra a vontade dos seus criadores, este arquivo colonial não é um repositório de virtudes nacionais. Ele conserva registos de uma realidade colonial violenta e complexa e, ao mesmo tempo, guarda registos de vozes e ações que a ordem colonial visou dominar ou marginalizar. O texto chama assim atenção para a importância de revelar e analisar esses registos em contracorrente à ordem colonial, contribuindo assim para a difícil mas necessária tarefa de descolonizar o arquivo.

Galeria

  • © Pedro Medeiros, Arquivo Histórico Ultramarino, 2021

  • © Pedro Medeiros, Arquivo Histórico Ultramarino, 2021

  • © Pedro Medeiros, Arquivo Histórico Ultramarino, 2021

  • © Pedro Medeiros, Arquivo Histórico Ultramarino, 2021

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