Associação Batoto Yetu
Artigo por
José Lino Neves
Associação Batoto Yetu Portugal
Como português filho de cabo-verdianos da ilha de Santiago as referências associativas e africanas da infância lisboeta, remetem-me para um universo de ancestralidade, sincretismo, ruralidade, resistência cultural, de Djunta Mô, de dança e percussão. Foi devido a isso que, quando em 1995/1996 soube que um projeto de valorização da cultura africana, existente nos Estados Unidos da América, iria realizar castings no CCB em Lisboa que não tive dúvidas em querer fazer parte. O projeto transmitia uma imagem diferente daquilo que era comum assistir sobre a cultura africana. Não era apenas sobre países lusófonos, abordava a diáspora africana do Brasil e dos EUA, transmitia a modernidade das tradições milenares da dança e percussão africanas, colocava a cultura e a estética africana num patamar pouco frequente nos meios de comunicação nacionais, falava sobre a história africana. Sendo reduzida essa presença em 2021, em 1996 era ainda mais ausente, e apenas notória junto das comunidades de origens africanas residentes na Área Metropolitana de Lisboa (AML). A dinâmica histórica deste projeto, ao debruçar-se e apresentar informação sobre o reino do Kongo, por exemplo, foi para mim a materialização física de uma história pouco conhecida e falada nos livros escolares, ainda hoje por descolonizar.
Todo o trabalho singular e de sucesso feito pela associação só foi possível graças aos parceiros como a CMO, União de Freguesias de Oeiras, CML, ACM, FLAD, o Professor José Machado Pais e a Professora Isabel Castro Henriques.
Esperamos continuar a celebrar a vida e deixar sementes de curiosidade para todos aprendermos mais.
Galeria
0