• © PSML | Luís Duarte

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Palácio Nacional de Sintra

Artigo por
Cristina Roldão e Ana Alcântara

Palácio Nacional de Sintra na (des)Memória do Império

No Palácio Nacional de Sintra (PNS), o império colonial manifesta-se ao olhar mais atento, ao mesmo tempo que se mantém invisível na narrativa oficial e na sua política de memorialização. No intenso debate académico e público que se tem desenvolvido sobre património, colonialismo e cidade, a vila de Sintra dificilmente é convocada. Situada num dos concelhos mais multiculturais do país, a vila apresenta-se, até pelos benefícios turísticos que daí advêm, como uma espécie de reduto da portugalidade. Nesse cartão-postal, o PNS, a partir de uma narrativa museológica construída durante o Estado Novo, fixa um imaginário da nobreza tardio-medieval, silenciando os sinais, por demais evidentes, do império colonial. A partir do edifício, mobiliário e narrativas cristalizadas em torno do PNS e da vila de Sintra, é possível refletir sobre a economia colonial, as narrativas da mística imperial e Quinto Império, assim como, sobre a presença negra em Portugal. São inúmeras as representações de naus e esferas armilares. Há registo de que várias das suas obras de melhoramento foram financiadas por rendimentos coloniais (séculos XVI e XIX) e que a presença de pessoas negras era uma realidade. Um dos artefactos mais visíveis dessa história silenciada é a figura em relevo pintado de uma mulher negra no, problematicamente, ainda designado “Jardim da Preta”. Este é um caso paradigmático, entre outros, de como a renomeação e outras formas de ressignificação são essenciais ao processo de descolonização museológica. Esse processo não se constrói de forma isolada, implica envolver e incluir outros protagonistas e estabelecer espaços de diálogo com museus, academia, mas também com a diversidade étnico-racial que constitui este território.

Galeria

  • © Pedro Medeiros, Palácio Nacional de Sintra, 2021

  • © Pedro Medeiros, Palácio Nacional de Sintra, 2021

  • © Pedro Medeiros, Palácio Nacional de Sintra, 2021

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