• Instrumentos de tortura. MHN, Rio de Janeiro, Brasil

Intervenção 12

Decolonizar é provocar desconforto, confrontar narrativas, tornar passados presentes: Instrumentos de tortura

Decolonizar é provocar desconforto, confrontar narrativas, tornar passados presentes: Instrumentos de tortura

Século XIX
Troncos, gargalheiras, vira-mundos, anjinhos, entre outros, eram amplamente utilizados para violentar os corpos dos escravizados, fosse para captura e contenção, fosse para o aviltamento, sob a justificativa de disciplinar e punir.
Mesmo após o fim da escravidão, observamos a recorrência dessa prática de violência e de uso de alguns desses instrumentos, geralmente com pessoas negras e pobres.

1.VIRA-MUNDO
Ferro
Servia para prender os pés e mãos dos escravizados ao mesmo tempo, mantendo seu corpo praticamente dobrado.

2. LIBAMBO
Ferro
Prendia-se ao pescoço dos escravizados para punir e evitar fugas. A haste que se alonga para cima da cabeça geralmente tinha um chocalho para que ao seu som fosse possível acompanhar os passos do escravizado. Suas pontas também serviam para dificultar a fuga, ao se prender nos galhos das árvores e arbustos, quebrando-os e criando um rastro do seu caminho em fuga.

3. GARGALHEIRA
Ferro
Servia para prender os membros do cativo ao seu corpo, ou para atrelar os escravizados uns aos outros, no caso de deslocamento na cidade ou entre a cidade e a fazenda.

4. LIBAMBO E GARGALHEIRA
Ferro

5. MARCADORES
Ferro e Madeira
Em brasa, serviam para marcar a pele dos escravizados, o que costumava ser feito ainda no continente africano, antes do embarque para a América, para sinalizar sua condição de propriedade de alguém. Essas marcas serviam para identificar o escravizado em fuga, sendo informadas como características a serem observadas, em anúncios de busca publicados em jornais.

6. GARGALHEIRA
Ferro

7. ALGEMA
Ferro
Utilizada para prender os escravizados pelos pulsos. Objeto similar tem amplo uso policial na atualidade, em diferentes partes do mundo.

8. ALGEMA
Ferro e Metal

9. ANJINHO
Ferro
Espécie de alicate que prendia os dedos polegares das vítimas em dois anéis que se comprimiam gradualmente por intermédio de uma pequena chave ou parafuso, podendo levar ao esmagamento dos dedos e extração das unhas.

10. ALGEMA
Ferro e Metal

11 e 12. GARGALHEIRA
Ferro

13. TRONCO CASTIGO
Madeira
Pertenceu ao sítio Curió, localizado no interior do Ceará. Consta que quando essa província decretou a abolição da escravidão, em 1884, o instrumento, que servia para prender até três escravizados pelos tornozelos, ou pelo pescoço e pulsos, teria perdido sua serventia original, sendo reaproveitado como um banco de alpendre.
Essa informação foi fornecida por Gustavo Barroso, quando solicitou ao então proprietário do sítio, Coronel Porfírio da Costa Ribeiro, a doação do objeto, em 1929, informando que “ficaria esta Diretoria muito grata se a ela fosse cedida essa relíquia histórica”.
Transformar um instrumento de tortura em um móvel revela a maneira naturalizada como antigos senhores e seus descendentes lidavam com o passado escravista e com a memória do sofrimento causado pela escravização e pelo racismo.

14. VIRA-MUNDO
Ferro

Galeria

  • Instrumentos de tortura. MHN, Rio de Janeiro, Brasil

  • Instrumentos de tortura. MHN, Rio de Janeiro, Brasil

  • Legenda do circuito permanente de exposições do MHN, Rio de Janeiro, Brasil

  • Intervenção na sala dos instrumentos de tortura - Depoimento de Esperança Garcia sobre os maus tratos recebidos pelos escravizados. MHN, Rio de Janeiro, Brasil.

  • Intervenção na sala dos instrumentos de tortura - Depoimento de Esperança Garcia sobre os maus tratos recebidos pelos escravizados. MHN, Rio de Janeiro, Brasil.

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