Intervenção 15
Decolonizar é desconstruir mitos: O Duque de Caxias e a escravidão
Decolonizar é desconstruir mitos: O Duque de Caxias e a escravidão
Luís Alves de Lima e Silva (1803-1880), o Duque de Caxias, patrono do Exército brasileiro era também proprietário de pessoas escravizadas. Quando faleceu, Caxias morava em uma chácara na rua Conde de Bonfim, na Tijuca, e possuía 12 homens e mulheres escravizados, responsáveis pelas tarefas domésticas e por serviços como o de cocheiro, cozinheira, lavadeira, carpinteiro e lavrador. Algumas destas mulheres tinham filhos “ingênuos”, como eram chamados os nascidos após a Lei do Ventre Livre (1871), que com elas viviam sob o controle do senhor.
As imagens foram reproduzidas do inventário de Caxias, de 1880, que faz parte do acervo do MHN. Nele, como parte dos bens da família, arrolados entre os carros, arreios de montaria e animais, figuram seus “escravos”, cada qual com seu nome, cor, idade e ocupação. A atribuição de valor monetário a cada uma destas pessoas expõe as entranhas de uma sociedade que admitia considerar seres humanos como se fossem coisas que pudessem ser compradas, vendidas, herdadas.
Em homenagem a estes homens e mulheres, listamos a seguir seus nomes e dados conforme aparecem no inventário. Em respeito a suas memórias, omitimos as quantias a eles designadas.
João, preto, 56 anos, lavoura;
Claudina, preta, 29 anos, costureira, com 3 filhos ingênuos de nome Francisco, Felicia e Joaquim;
Clemencia, parda, 11 anos, serviço doméstico;
Abel, fula, 14 anos, serviço doméstico;
Carlos, pardo, 31 anos, cocheiro;
Elvira, parda, 28 anos, costureira;
Isabel, preta, 43 anos, lavadeira, com 1 filho ingênuo de nome Marcolino;
Romeu, fula, 20 anos, lavoura;
Domingos, pardo, 17 anos, lavoura;
Perpétua, preta, 10 anos;
Rodolpho, preto, 49 anos, carpinteiro;
Apolinário, preto, 33 anos, carpinteiro.
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