Decolonizar é ressignificar objetos: releituras da escultura “Alegoria à lei do Ventre Livre”

Em “Alegoria à lei do Ventre Livre”, de A. D. Bressac (1871), um menino porta uma placa em uma das mãos e a corrente da escravização quebrada em outra. Aos pés, grilhões também rompidos. Ao retratar o jovem magro sem sapatos, coberto apenas com um pedaço de pano, a escultura reforça a representação dos libertos como pessoas desamparadas e despossuídas. Homenageia-se D. Pedro II, a quem se atribui o protagonismo na aprovação da lei, juntamente com o Visconde do Rio Branco — que, entre outras disposições, estabeleceu que seriam livres os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir de então — sem levar em conta as lutas de africanos escravizados e seus descendentes pela liberdade.