• Vista do Pátio Santiago. MHN, Rio de Janeiro, Brasil.

Intervenção 5

Decolonizar é rever toponímias: Pátio Santiago ou Calabouço?

Decolonizar é rever toponímias: Pátio Santiago ou Calabouço?

A palavra calabouço origina-se do castelhano calabozo e indica cárcere. Assim era conhecida a prisão de escravizados que, entre as últimas décadas do século XVIII e o ano de 1813, ocupou uma instalação militar próxima à Fortaleza de Santiago, que integrava o conjunto arquitetônico militar. A fortaleza e a prisão não existem mais. Desapareceram em sucessivas reformas urbanas realizadas nessa região da cidade. A parte mais antiga da edificação na qual está instalado o Museu Histórico Nacional seria um reduzido vestígio arquitetônico dessa fortaleza, atualmente denominada Pátio Santiago.
Foi com a denominação de Calabouço que ficou conhecido o Restaurante Central dos Estudantes construído nessa região, que servia refeições a preços baixos entre as décadas de 1950 e 1960. No dia 28 de março de 1968, durante uma manifestação contra o aumento do preço da refeição, policiais militares invadiram o local e atiraram contra os alunos. O estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos, foi assassinado no local com um tiro. Sua morte originou grandes protestos por todo o país.
A história do Calabouço, embora tenha sofrido diversos apagamentos, por meio de aterros, demolições e novas toponímias, permanece na memória da cidade e de seus habitantes. Uma memória sensível da violência de Estado, de violação de corpos, como os açoites em escravizados como punição e castigo e das ações de violência e repressão que ocorreram durante a Ditadura Militar (1964-1985).

Galeria

  • Legenda do circuito permanente de exposições do MHN, Rio de Janeiro, Brasil

  • Vista do Pátio Santiago. MHN, Rio de Janeiro, Brasil.

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